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O mercado de cannabis medicinal no Brasil está em pleno crescimento, e os números recentes destacam o impacto dessa indústria no cenário nacional. Em 2024, o setor movimentou R$ 853 milhões, marcando um aumento de 22% em relação ao ano anterior, segundo dados do 3º Anuário da Cannabis Medicinal no Brasil, elaborado pela consultoria Kaya Mind.
Esse avanço reflete tanto o aumento na aceitação dos tratamentos quanto a maior regulamentação e diversificação de produtos disponíveis.
O Contexto da Cannabis Medicinal no Brasil
Embora a maconha seja considerada uma droga ilegal no país, os compostos canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), extraídos da planta, têm ganhado espaço como aliados no tratamento de várias condições médicas.
São amplamente reconhecidos por sua eficácia em aliviar sintomas de doenças como epilepsia, dor crônica, insônia e transtornos de humor.
Em 2024, o número de pacientes tratados com cannabis medicinal saltou de 431 mil para 672 mil, um aumento de 241 mil novos usuários.
Esse crescimento deve-se, em grande parte, à maior disponibilidade de produtos, que já totalizam mais de 2.180 itens regulamentados no Brasil. Entre eles, destacam-se óleos, cápsulas, sprays e medicamentos tópicos, que atendem a diversas necessidades terapêuticas.
Regulamentação e Acesso Facilitado
O mercado de cannabis medicinal no Brasil é sustentado por três principais vias de acesso:
- Importação Direta – Essa é a principal forma de aquisição, permitindo que pacientes comprem produtos de fabricantes internacionais. Em 2024, o Brasil importou de 413 empresas estrangeiras, expandindo o leque de opções terapêuticas.
- Farmácias – Redes de farmácias vêm ampliando sua participação, com medicamentos à base de cannabis disponíveis diretamente no território nacional, simplificando o acesso.
- Associações – Essas organizações desempenham um papel essencial, especialmente em comunidades menores, ajudando pacientes a obterem os produtos de forma mais acessível.
Além disso, iniciativas como a inclusão de medicamentos à base de canabidiol no Sistema Único de Saúde (SUS) em alguns estados, como São Paulo, prometem ampliar ainda mais o alcance desses tratamentos.
Avanços Terapêuticos
Os benefícios da cannabis medicinal estão amplamente documentados. Estudos revelam que o CBD, conhecido por suas propriedades anticonvulsivantes e analgésicas, é eficaz em reduzir crises epilépticas em crianças, proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida.
Já o THC, com efeitos psicoativos controlados, é indicado para o tratamento de condições como enrijecimento muscular decorrente de derrames, traumas medulares e outras lesões neurológicas.
Apesar de ser uma substância regulada com mais restrições, seu uso clínico tem mostrado resultados promissores em casos difíceis de tratar com medicamentos convencionais.
Combate a Mitos e Verdades
Uma das maiores barreiras para o uso da cannabis medicinal é o preconceito e a desinformação. Muitos ainda associam esses tratamentos ao uso recreativo da maconha. No entanto, é importante destacar que medicamentos à base de cannabis passam por rigorosos processos laboratoriais para garantir sua segurança e eficácia.
O canabidiol, por exemplo, não possui efeitos psicoativos ou capacidade de causar dependência, conforme apontado por especialistas da Universidade de São Paulo (USP). Já o THC, quando utilizado em dosagens controladas e prescrições médicas, tem apresentado um perfil seguro e eficaz para diversas condições clínicas.
Projeções para o Futuro
As projeções para o mercado de cannabis medicinal no Brasil são animadoras. Até o final de 2025, estima-se que o setor alcance a marca de R$ 1 bilhão, impulsionado por uma maior estruturação regulatória, aumento da demanda e entrada de novas empresas no mercado, tanto nacionais quanto internacionais.
Esse avanço representa não apenas uma conquista econômica, mas também uma revolução no acesso a terapias inovadoras para pacientes que precisam de alternativas eficazes e seguras.
Um Olhar para a Humanização da Medicina
O crescimento da cannabis medicinal no Brasil reflete uma transformação maior no sistema de saúde: a busca por tratamentos mais humanizados, que priorizem a qualidade de vida do paciente.
Ao integrar o CBD e o THC nas opções terapêuticas, médicos e pacientes ganham ferramentas valiosas para enfrentar condições complexas de maneira mais eficaz e menos invasiva.
Essa mudança, que se sustenta em avanços científicos e na regulamentação progressiva, coloca a cannabis medicinal como um dos pilares para o futuro da medicina moderna no país.
